FEIRA 191 ANOS: Milton Marinho, a singularidade de um médico

20/9/2024, 9:20 |
Esta reportagem faz parte da série de matérias especiais elaboradas pela Secretaria de Comunicação Social

O tempo passa na sua marcha natural, as estações do ano vão mudando, transcorre  o mês de setembro e outubro se aproxima para marcar os 15 anos de falecimento do médico Milton da Costa Marinho, o que aconteceu no dia 10 de outubro de 1999. Contava o clínico geral com 83 anos de idade e uma admirável parcela de amigos na cidade, não apenas aqueles que durante anos a fio ele atendeu com extrema atenção, e os mais próximos, mas o contingente da comunidade, sobretudo jovens, que ele, com um estilo inconfundível, parava em via pública para conversar, externando noções de vida comunitária e respeito.

Boa altura, magro, no seu habitual traje branco, cabelos igualmente. Durante mais de 40 anos ele fez parte do cenário da cidade, com ela crescendo em termos de conceito. Morava com a família na rua Castro Alves, casado com dona Judite Rocha de Alencar Marinho, que lhe deu nove filhos - inclusive médicos.

Tinha um gabinete instalado na avenida Senhor dos Passos, no prédio do extinto Cine Timbira - hoje Lojas Americanas. Nos momentos em que não estava atendendo no gabinete era quase certo vê-lo nas imediações do prédio da Prefeitura dialogando com uma ou mais pessoas. Chamava atenção pelo porte físico e o gesticular, no habitual alvor do traje.

Embora considerado feirense, era natural de Salvador, onde trabalhou na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) até se formar em 1941 na Faculdade de Medicina da Bahia, tornando-se médico do Exército Brasileiro. Dois anos depois foi transferido para a cidade de Rui Barbosa e logo gozava da amizade e prestígio da comunidade devido aos predicados de homem acessível e probo. Com o reconhecimento popular, foi eleito prefeito no final da década de 1940.

Foi um administrador zeloso que teve sua gestão marcada por realizações, dentre elas a construção do hospital municipal, fato relevante, devido a exiguidade de recursos próprios. Em Feira de Santana o doutor Milton Marinho chegou em 1955, fixando-se em definitivo com a família. Era um respeitado clínico geral, mas observando a carência de cardiologistas, foi para a cidade de São Paulo em 1961, especializando-se no Instituto de Cardiologia da Santa Casa de Misericórdia. Ao retornar tornou-se o primeiro médico cardiologista da região.

Não via os títulos como troféus que precisam ser ostentados, mantendo-se cordial e nos momentos livres disponíveis, além das costumeiras caminhadas no centro da cidade, escrevia artigos para jornais. Foi professor de Língua Portuguesa no extinto Ginásio Santanópolis, secretário de Desenvolvimento Comunitário na rápida gestão do prefeito Francisco Pinto (1963/1964) e durante sete anos foi coordenador regional do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS). Milton da Costa Marinho, independente do doutorado conquistado na Faculdade, foi um doutor da vida com todos os seus predicados.

Esta reportagem faz parte da série de matérias especiais elaboradas pela Secretaria de Comunicação Social destacando personalidades feirenses, monumentos, órgãos e empresas que fazem parte da história do município. A iniciativa comemora o aniversário de 191 anos de emancipação político-administrativa de Feira de Santana, celebrado em 18 de setembro.

Por: Zadir Marques Porto



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