FEIRA 191 ANOS: Fachadas & Afetos - uma bela homenagem à Princesa do Sertão
Um passeio pela cidade princesa entremeando tempos, épocas, mas a cada passo deixando expandir a presença do calor humano que emana do ambiente familiar próprio de cada casa. É o que deve sentir quem transitar pelas quatro dependências do Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira (MAC), ocupadas pela exposição Fachadas e Afetos do arquiteto e professor Nilo Teixeira e seu filho de 11 anos, Rafael Souza Andrade.
Cearense de 58 anos, radicado nesta cidade desde 1992, Nilo Teixeira premia os 191 anos de Feira de Santana retratando-a com perfeição e usando para isso, com muita propriedade, nanquim sobre o papel e igualmente com a mesma qualidade técnica, o grafite e carvão sobre o papel. O cenário é identificável à primeira vista por quem mora na cidade princesa, pelas fachadas reproduzidas com a perfeição de quem usa o nanquim sobre o papel, como se fosse uma maquina fotográfica. Mas são desenhos mesmo!.
Doutorado em arquitetura e arte, Nilo Teixeira relata a absorção do cenário da cidade durante passeios de bicicleta com o filho Rafael e ressalta a importância do trabalho desenvolvido pelo engenheiro José Joaquim de Brito (doutor Brito como era conhecido) entre os anos de 1937 e 1960. Nessa época a maioria dos projetos era por ele assinada.
Faz referência ainda a outros profissionais como: Adalmiro Lima, José Batista, Anapio Miranda, Edson Pinto, Edmundo Campos, Milton Carneiro, José Marinho Barbosa e Milton Carvalho. Ressalta a variação da arquitetura com influência do Art Decó, da arquitetura rural sertaneja, do cenário californiano exibido via cinema norte-americano e a presença da cultura africana.
Uma seção é reservada a trabalhos feitos com a técnica do carvão e grafite sobre o papel para mostrar em tamanho quase natural: pilares, janelas, gradis e outros adereços encontrados em muitos dos imóveis da cidade. Esses trabalhos chamam atenção pela perfeição de cada detalhe, como se ali estivessem os prédios retratados possibilitando, aparentemente, a quem os vê, adentrá-los.
Em uma das salas, Rafael Andrade, 11 anos de idade, surpreende com seus trabalhos elaborados com nanquim e lápis de cor sobre papel. Prédios que deveriam ter sido tombados e não mais existem, a exemplo das casas de Fernando Ramos, Francisco Pinto, João Marinho Falcão e Nozinbo Falcão, o Mercado do Fato e o armazém João Marinho & Santos, podem ser admiradas pelo público no Museu de Arte Contemporânea.
O jovem artista também mostra outros prédios importantes que ainda fazem parte do cenário da metropolitana Feira de Santana. O Paço Municipal Maria Quitéria (sede da Prefeitura), a Catedral de Santana, a Escola Maria Quitéria, o Colégio Pequeno Príncipe e a Casa de Saúde Santana fazem parte desses prédios elencados pelo promissor artista.
A mostra continua aberta ao público no MAC até o dia 26 de outubro. O MAC é um órgão mantido pela Prefeitura de Feira de Santana e dirigido por Geórgia Pitombo que tem propiciado ao público uma programação diversificada e atrativa o que justifica a boa visitação. A qualidade dos trabalhos da expor Fachadas e Afetos, que homenageia a emancipação do município, comemorada no dia 18 deste mês, alia-se à perfeita organização do evento.
Também poeta, Nilo Teixeira agora pinta com palavras a importância das casas. Eis o que ele diz no soneto de sua autoria "As Casas do Passado". “As casas guardam segredos seculares/ Nas paredes, nas alcovas, nos vitrais/ nos terrenos, batentes e nos portais/ sentimentos por todos os lugares / dança das crianças nos quintais...”.
Esta reportagem faz parte da série de matérias especiais elaboradas pela Secretaria de Comunicação Social destacando personalidades feirenses, monumentos, órgãos e empresas que fazem parte da história do município. A iniciativa comemora o aniversário de 191 anos de emancipação político-administrativa de Feira de Santana, celebrado em 18 de setembro.
Por: Zadir Marques Porto