FEIRA 191 ANOS: Chico Caipira eternizou-se com a ronda policial
Pela sua natural dinâmica, o rádio que continua sendo o mais expedito meio de comunicação, está sempre em constante evolução técnica e na forma de apresentação das suas programações e mensagens, acompanhando os movimentos da sociedade. Desse modo, a perpetuação de programas é coisa rara. Excetuando-se A Voz do Brasil, informativo oficial mantido pelo Governo Federal, é desconhecida a existência de outras programações tão duradouras.
Em se tratando de uma programação não-oficial, o Ronda Policial, surgido na Rádio Sociedade de Feira de Santana em 27 de julho de 1967, ocupa na Cidade Princesa e, possivelmente no estado - quando nada no seu gênero - o decanato. Atualmente na Rádio Subaé AM, das 12 às 14 horas, apresentado por Lucival Lopes e Valter Vieira, Ronda Policial proporciona ao ouvinte mais antigo, um mergulho no passado, quando fazer rádio era bem diferente e muito mais difícil.
Popularizado como “Chico Caipira” pelo estilo ruralista que adotou no início da carreira em 27 de julho de 1955, na extinta Rádio Cultura de Feira de Santana, Francisco Ferreira de Almeida, privilegiado pelo talento nato, era exímio na criação e imitação de personagens, geralmente tendendo para o humor. Pode-se dizer era “um brincalhão”, embora usasse seu poder criativo na atividade comercial, consagrando-se também nesse segmento.
Embora mantendo outros programas como "Assim Canta o Nordeste" e "Acorde Sorrindo", em julho de 1955 Francisco Almeida surpreendeu o público com o Ronda Policial. Ao meio-dia ele estreou e mudou o cenário da rádio local e, pode-se dizer baiano. Vigoroso, destemido com denúncias, debochado, humorado, sobretudo criativo, o programa apresentado por Pirunga (Francisco Almeida) e Pirunguinha (Itajaí Pedra Branca) foi algo inusitado, que caiu no gosto do povo atingindo os maiores picos de audiência de todos os tempos.
Soberano nas imitações, chegando a pandego, em determinados momentos, até mesmo quando se atrapalhava em uma informação e imitava uma ‘velhinha’, um gago, uma inocente mocinha, um abobalhado, ou o rá-ta-tá e uma metralhadora. Francisco Almeida “andou” com o Ronda por outras emissoras, ainda com enorme audiência, depois 15 anos na Sociedade.
Assim, esteve na Fundação Ide e Ensinai (Rádio São Gonçalo dos Campos), Rádio Cultura e Rádio Subaé - seu último prefixo. Pirunguinha, o Itajay Pedra Branca, teve outros 'interpretes', como Agnaldo Santos, Roberto Rubens e José Henrique Cerqueira, mas Pirunga (Francisco Almeida), o criador do Ronda Policial, escreveu seu nome na história do rádio feirense e forma única inesquecível.
Esta reportagem faz parte da série de matérias especiais elaboradas pela Secretaria de Comunicação Social destacando personalidades feirenses, monumentos, órgãos e empresas que fazem parte da história do município. A iniciativa comemora o aniversário de 191 anos de emancipação político-administrativa de Feira de Santana, celebrado em 18 de setembro.
Por: Zadir Marques Porto