FEIRA 191 ANOS: Catálogo sobre a vida e obra de Raimundo de Oliveira

18/9/2024, 9:3 |
Esta reportagem faz parte da série de matérias especiais elaboradas pela Secretaria de Comunicação Social

Um extenso catálogo sobre a vida e a obra do pintor feirense Raimundo de Oliveira foi recentemente concluído por uma editora do sudoeste do país, destinado às principais galerias de arte do mundo. A publicação destaca a importância do artista, considerado um dos mais expressivos nomes da pintura de Feira de Santana, e, para alguns, o maior de todos os tempos. O fotógrafo de arte José Ângelo Pinto, também feirense, contribuiu com mais de dez fotografias para esta obra.

"Minhas fotos incluem obras de Raimundo de Oliveira e imagens da cidade dele, Feira de Santana. Restaurei fotos antigas que complementam o relato da sua vida. O catálogo é de padrão internacional, com capa dura e todo em cores", explica Ângelo Pinto, acrescentando que o álbum não será vendido e estará disponível apenas em galerias de arte.

Um exemplar foi doado ao Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira (MAC), que, embora leve o nome do artista, não possui obras dele. O acervo original, que incluía um autorretrato, foi transferido para o Museu Regional de Arte, localizado no Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), na rua Conselheiro Franco.

Raimundo de Oliveira começou a pintar ainda na infância, mas não se sabe ao certo se teve orientação. Na adolescência, já se destacava pela qualidade de seu traço e pela temática centrada na cantora Carmem Miranda, cujos trajes coloridos e decorados com frutas lhe inspiraram uma identidade marcante. A casa de seus pais, Arcênio Oliveira e dona Santa, na Rua do Sol (J.J. Seabra), tornou-se uma verdadeira galeria de arte, com telas, tintas, pincéis e paredes transformadas em painéis.

Após a mudança da família, a residência foi ocupada pelo dentista Lourival Caribé e sua esposa, dona Valda, pais dos mestres de karatê Denilson e Dorival Caribé, no final da década de 1950. As paredes da casa exibiam belos painéis coloridos. Com o tempo, o imóvel foi sede de uma empresa de telefonia e passou por diversas modificações.

Incentivado pelo pai, Raimundo se matriculou na Escola de Belas Artes em Salvador em 1953, aperfeiçoando sua técnica autodidata e desenvolvendo um estilo próprio, frequentemente tematizado em móveis, possivelmente inspirado pelos que havia em sua casa.

Sua primeira exposição ocorreu em fevereiro de 1951, no saguão da Prefeitura de Feira de Santana, reunindo autoridades, intelectuais e artistas. Pouco depois, ele realizou sua primeira mostra em Salvador. Após a morte de sua mãe, dona Santa, o artista enfrentou uma solidão existencial, afastando-se de amigos e dedicando-se intensamente à pintura como forma de escapar da realidade.

Com seu trabalho cada vez mais reconhecido, Raimundo passou a viver entre o sudoeste do país, São Paulo e Rio de Janeiro. Ele faleceu em janeiro de 1966, na cidade de São Paulo, sendo encontrado no dia 16 em um quarto do Hotel São Bento, onde estava hospedado. Seu corpo foi transladado para Feira de Santana e sepultado no Cemitério Piedade.

Esta reportagem faz parte da série de matérias especiais elaboradas pela Secretaria de Comunicação Social destacando personalidades feirenses, monumentos, órgãos e empresas que fazem parte da história do município. A iniciativa comemora o aniversário de 191 anos de emancipação político-administrativa de Feira de Santana, celebrado em 18 de setembro.

Por: Zadir Marques Porto


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