Duas famílias feirenses formam quase dois times de futebol profissional

31/10/2024, 9:27 |
Duas famílias foram as que mais tiveram seus representantes vestindo camisas de times profissionais: Pereira Porto e Conceição Pereira; embora comum, o sobrenome Pereira não quer dizer parentesco

O esporte mais democrático e empolgante do planeta, cheio de místicas, confusões, paixões e queixas — cada dia em maior número, principalmente devido às arbitragens e o “reforço” do VAR — o futebol movimenta famílias inteiras nas arquibancadas e dentro de campo também. Fora das quatro linhas, seria impossível citá-las, mas dentro de campo sim. Se tratando de Feira de Santana, duas famílias merecem ser destacadas porque até hoje foram as que mais tiveram seus representantes vestindo camisas de times profissionais: Pereira Porto e Conceição Pereira. No caso, embora comum, o sobrenome Pereira não quer dizer parentesco.

Feirense, Mário Porto (Mário Pereira Porto) foi um atacante brilhante, considerado o maior artilheiro do futebol local, com passagens no profissionalismo com as camisas do Bahia e do Galícia. Seu irmão Miguel, também bom atacante do Mecânico FC, preferiu seguir a profissão de mecânico, abrindo uma oficina na Praça Fróes da Mota.

Filhos de Mário Porto e Dona Preta, Gilson, Edson, Júlio e Manoel foram profissionais atuando em várias equipes do país. Gilson, o mais famoso, chegou à seleção brasileira e vestiu camisas de clubes como o Corinthians e o Internacional, consagrando-se na inauguração do estádio do clube colorado, o Beira-Rio, em Porto Alegre.

No jogo Internacional x Benfica de Portugal, canhoto e dono de um pontapé mortal, Gilson arrombou a rede que mal acabara de ser colocada, cobrando falta da intermediária, deixando estupefato o goleiro luso e em estado de euforia a torcida do colorado gaúcho, que nunca o esqueceu. Edson Porto atuou no Fluminense e Bahia. Jogador extremamente técnico, chegou a ser apontado como o substituto natural de Nilton Santos, o maior lateral esquerdo do mundo, mas jamais levou a sério o futebol.

Júlio, excelente meio-campista, jogou no Bahia e Fluminense, esteve no futebol do Ceará e passou pelo Palmeiras antes de se tornar técnico. Já Manoel Porto jogou no Botafogo do Rio, Fluminense e Ypiranga de Salvador, parando cedo no futebol de Sergipe.

A terceira geração da família Pereira Porto não foi tão eficiente: Gilsinho, lateral e filho de Gilson Porto, não foi longe, e Juca Porto, filho de Edson, jogador de raro talento no meio-campo, com base no Bahia e apontado como revelação no futebol paulista, deixou de jogar sem explicações, retornando a esta cidade.

Embora não tendo nenhum de seus membros na seleção brasileira, a família Conceição Pereira foi mais volumosa em termos de atletas profissionais, e todos eles de ótimo nível técnico. Vale dizer que Elias Pereira Filho, “Liúba”, um bom volante, não se profissionalizou, mas, do casamento com Dona Tereza, ele mandou a campo oito profissionais do futebol e tem um neto no Japão.

Edinho (Joselias da Conceição Pereira), vigoroso lateral e volante, começou no Fluminense e foi campeão brasileiro pelo Bahia. Nilson (Josenilson), meia-atacante de técnica apurada, deixou o futebol por um bom emprego. Nildo (Josenildo), lateral-esquerdo, jogou no Bahia e Fluminense, radicando-se em São Paulo.

Escurinho (Joseilton), volante e meia do Fluminense, de futebol empolgante, faleceu muito jovem. Zelito (Joselito), craque no meio-campo no Fluminense e Vitória, atuou ainda no futebol paulista e pernambucano. Os mais novos, Joelson, Zean (Josean) e Valdo (Josevaldo) atuaram em times profissionais fora da Bahia, assim como o sobrinho Ananias. No momento, a família é representada pelo meia-atacante Patrick Veron, 19 anos, que começou no Bahia e joga no futebol do Japão.

Por: Zadir Marques Porto



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