Casarão Fróes da Motta - importante capítulo da história de Feira de Santana
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) e pertencente à Fundação Senhor dos Passos, o casarão da família Fróes da Motta, localizado na praça do mesmo nome, área central da cidade, é muito mais que uma edificação bonita, antiga e muito bem preservada pelo importante conteúdo de capítulos da história da Cidade Princesa que ela reúne, em mais de um século de existência, constituindo-se hoje, em um organismo vivo e pulsante com intensa atividade cultural.
O prédio foi construído em 1902, com projeto arquitetônico modelado em similar europeu, que encantou o fazendeiro, forte comerciante e político, Agostinho Fróes da Motta, em uma visita ao velho continente. Apresenta amplas dimensões nos seus compartimentos internos, todos lindamente decorados de acordo com a sua utilidade, por exemplo, paredes pintadas com frutas na cozinha, sala de música com pinturas alusivas a grandes compositores internacionais do passado, denotando a importância que seu proprietário dava à cultura.
São quatro amplos dormitórios, duas salas, sala de música e escritório, além de compartimentos secundários. Como internamente a parte externa é um convite aos olhos, com as paredes totalmente decoradas com paisagismo. Todo esse trabalho decorativo é atribuído a um pintor de prenome Alberto.
O prédio é frontal à Praça Agostinho Fróes da Motta, com seis grandes janelas e lateralmente ocupa cerca de 90% da rua General Câmara, onde as paredes apresentam sete amplos painéis com paisagens embelezadoras. São aproximadamente cerca de 240 metros de extensão. Em frente ao imóvel, belíssimo coreto em perfeito estado de conservação aumenta o tom de saudosismo que envolve a Praça.
Homem de negócios - era forte fazendeiro e comerciante de fumo -, Agostinho Fróes da Motta não misturava essas atividades com a vida familiar, e assim recebia em seu escritório, contiguo à residência, mas com acesso privativo, as pessoas com quem tinha negociação. Esse compartimento é bem peculiar embora mantendo o mesmo traçado arquitetônico. Em 1924 foi realizada a primeira grande reforma do prédio incluindo a construção das varandas, até então inexistentes.
Com o falecimento do coronel Agostinho, que foi intendente nomeado de Feira de Santana entre 1915 e 1920 destacando-se pela atuação no comando do governo municipal, com volumoso elenco de realizações, passou a residir no casarão seu filho, o médico Eduardo Fróes da Motta, que até então clinicava na cidade de Mogi Mirim em São Paulo. Eduardo também foi prefeito local, durante curto período a partir de 1944. Com o falecimento dele, o casarão ficou por algum tempo sem relevância, até ser adquirido junto a herdeiros em 1999, pela Fundação Senhor dos Passos, responsável pela sua atual manutenção.
A aquisição do imóvel em 1999, conforme Carlos Alberto Brito, secretário municipal de Planejamento e atuante membro da Fundação Senhor dos Passos, teve custo de R$ 250 mil, com aporte financeiro dos governos municipal, estadual e federal, através dos programas de incentivo fiscal por eles mantidos. Sem esquecer seu passado histórico, o casarão tem importância acrescida a cada dia por conta da sua inserção na vida cultural de Feira de Santana.
O casarão pode ser visitado no horário comercial durante a semana, das 8h às 12h e das 14h às 17h, mediante agendamento que pode ser feito presencialmente, ou via telefone (75) 9 8836-8724 com a secretária Graça Alves. Independente disso, é mantida uma ampla programação elaborada por Carlos Brito com destaque para as tocatas da Filarmônica 25 de Março, a mais antiga da cidade com 156 anos de fundação.
Essa programação musical tem ocorrido em dias de sexta-feira, a partir das 19h, com afluência cada vez maior de público que ocupa todos os 200 assentos disponibilizados. Vêm sendo incluídos na programação, grupos instrumentais, o que significa uma diversificação maior e capaz de atrair adeptos desse tipo de música, com expectativa de formar um segmento especifico. O quinteto de metal da UFBA, conjuntos de chorinhos e instrumentistas, estão na pauta de Carlos Alberto Brito. Outras manifestações culturais como lançamentos literários e exposições de pintura e fotografias são abrigadas pelo casarão.