FEIRA 191 ANOS: grande cientista feirense premiado pela NASA, o gênio da tecnologia Drance Amorim

    É possível que hoje poucos lembrem o seu nome ou o que ele fez. O que é natural pela dinâmica da vida, que proporciona uma constante renovação em tudo. Por isso mesmo é que se torna necessário rememorar um pouco a figura do feirense Drance Matos Amorim, filho do casal Targino Amorim e Celia Matos Amorim. Aqui nascido em 24 de março de 1924, ele foi com os pais para Recife aos três meses de idade, razão pela qual muitos acreditavam que ele era pernambucano.

    De brilhante inteligência, Drance formou-se e atuou como médico cirurgião no Hospital Português e, devido aos elevados conhecimentos em eletrônica, foi o responsável pela montagem de uma emissora de televisão da capital pernambucana, utilizando-se de tecnologia própria de forma exitosa e inusitada. Ingressou no Exército Brasileiro destacando-se no Centros de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) com condecorações pelo seu trabalho. Voltando a esta cidade o cientista contraiu núpcias com a prima Sonia Matos Amorim. Mas retornou para a capital pernambucana onde aprofundou seus estudos na área da tecnologia.

    Poliglota - falava e escrevia em nove idiomas -, tocava vários instrumentos dentre eles saxofone e violino, os seus preferidos, dedicava-se à leitura e à boa música. Drance viajou para os Estados Unidos para um programa de desenvolvimento tecnológico e em 1965, ali fixou residência com a família atendendo convite oficial do governo norte-americano que assim dava uma prova inconteste de  reconhecimento da sua capacidade técnica.

    Ali trabalhou na National Aeronautics And Space (NASA), em importantes programas espaciais, em especial de robótica, área onde acumulava conhecimentos graças aos estudos incessantes. O feirense desenvolveu o primeiro audiômetro de respostas evocadas na área da engenharia eletrônica, que era sua especialidade, ganhando o valioso Prêmio R-100, somente conferido aos 100 melhores cientistas do mundo.

    Em 1970, Drance Amorim retornou ao país a convite do governo brasileiro, através do Itamarati, morando algum tempo no Rio de Janeiro.  Mas falaram mais forte as suas raízes e ele voltou a residir em Feira de Santana, criando a ECNRAD Pesquisa e Desenvolvimento Ltda, que produziu a central horária do Observatório Astronômico Antares, desenvolveu programas no Centro de Pesquisas e Desenvolvimento do Estado da Bahia (CEPED), foi diretor do Departamento de Eletrônica Aplicada (DEA), em Camaçari, quando se aposentou.

    Todavia para Feira de Santana, onde foi cirurgião geral no Hospital Dom Pedro de Alcântara, um dos pontos mais interessantes de sua carreira foi quando ele construiu o transmissor da Rádio MF, atual Princesa FM, a primeira emissora da cidade em Frequência Modulada (FM). Drance utilizou tecnologia própria, como foi dito na época ‘tecnologia 100% brasileira’ quando o sistema FM ainda era recente entre nós.

    Dedicado à literatura, Drance Amorim foi escritor e defensor ambientalista, a ponto de encetar uma campanha contra a indústria Química Geral do Nordeste (QGN), instalada no Centro Industrial do Subaé (CIS) e repetidas vezes apontada como responsável pela poluição atmosférica que, na época, causava transtornos à população feirense. Aos 85 anos de idade, Drance Matos Amorim faleceu em sua terra, Feira de Santana, em 5 de maio de 2007, mas teve o corpo cremado e sepultado em Salvador, como ele havia pedido à família.

    Esta reportagem faz parte da série de matérias especiais elaboradas pela Secretaria de Comunicação Social destacando personalidades feirenses, monumentos, órgãos e empresas que fazem parte da história do município. A iniciativa comemora o aniversário de 191 anos de emancipação político-administrativa de Feira de Santana, celebrado em 18 de setembro.

    Por: Zadir Marques Porto


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