FEIRA EM HISTÓRIA: Lembrando o "Aristocrático" Tênis Clube
30/8/2018, 9:43h |
Arquivo/Adilson Simas
Como de há muito a Feira de Santana perdeu o Feira Tênis Clube, vale a pena lembrar o quanto o “aristocrático” a partir de sua criação, foi importante para a vida esportiva, social, artística e cultural desta cidade de todos os nossos dias.
Foi na manhã de sexta-feira 8 de dezembro de 1944, que pessoas destacadas da cidade se reuniram no salão nobre da Montepio dos Artistas Feirenses e fundaram a nova instituição inicialmente denominada “Feira de Santana Tênis Clube”.
Presente à reunião Áureo Filho sugeriu e a assembléia aprovou que fosse abreviado para Feira Tênis Clube. A entidade surgiu para desenvolver os jogos de salão, os exercícios atléticos, os desportos amadoristas, especialmente a prática do tênis, além de organizar reuniões artísticas, culturais, sociais e mais a criação de uma biblioteca.
A muitas personalidades se deve o surgimento do FTC. Três, entretanto, foram os responsáveis maiores pela iniciativa: Ideval José Alves, Newton da Costa Falcão e Antonio Matos.
Ideval cuidava da parte financeira. Bem sucedido não pensava duas vezes para financiar o andamento do empreendimento.
Newton se encarregava de formar o quadro social. Bem relacionado, buscava sócios até na capital do Estado.
Tide, como era conhecido Antonio Matos, acompanhava a construção. Empolgado, se transformava ora em mestre de obra, ora em engenheiro.
O terreno foi doado pelo prefeito Eduardo Motta, inclusive sugerindo a área atual onde funcionava o campo do gado e que estava sendo desativado do local.
Os primeiros sócios remidos foram oficializados em janeiro de 1945 e em 1946 foi fechado o quadro de 50 sócios cada um contribuindo com um mil cruzeiros.
Também em 1946 a prefeitura concedeu 50 mil cruzeiros para ajudar na construção da sede própria.
Para tanto o prefeito Carlos Valadares baixou o Decreto Lei 159, também assinado por Edelvito Campelo, que respondia pelo gabinete.
No mês de março, já em 1947, foram admitidos os primeiros sócios efetivos pagando 200 cruzeiros de jóias.
No mês seguinte aconteceu afinal a abertura dos salões sem que houvesse ato oficial. A data, 12 de abril, mês da micareta, na verdade marcava o inicio dos bailes momescos no clube.
Além de Tide Matos, Newton Falcão e Ideval Alves, citados acima, muitos outros passaram pela presidência, todos como amor e dedicação.
Hermínio Santos, Dazio Brasileiro, Gilberto Meneses, Manoel Contreras, Enádio Morais, Milton Falcão de Carvalho, Osvaldo Torres, Antonio da Costa Falcão, Wagner Mascarenhas, Péricles Valadares, Edward Assis, Paulo Cordeiro, Wilson Pereira, Adessil Guimarães, Dazio Brasileiro Filho, João Marinho Gomes Junior, Mario Sergio Pinto Ferreira, Ricardo Martins, Fernando Rebouças, Djalma Pereira, Eduardo Teles, Raimundo Mendes, Kennedy Cupertino, Coriolano Cerqueira e tantos outros.
Tamanha a importância do FTC que graças a ele a cidade viu surgir o Clube de Campo Cajueiro. Nos anos 60, numa das aguerridas disputas pela presidência, o grupo derrotado se rebelou e decidiu construir outro clube, nascendo então o CCC.
Ao longo dos anos o FTC foi peça importante na vida social, esportiva, cultural e artística desta cidade.
Graças ao Tênis, com suas quadras, seu ginásio de esportes e seu parque aquático, a juventude feirense ganhou espaços para desenvolver diversas modalidades esportivas.
A prática desses esportes fez surgir os famosos Jogos Abertos do Interior, aqui reunindo anualmente, sempre no final de outubro e começo de novembro, delegações de várias cidades baianas.
Foi a partir do Tênis que a sociedade viu surgir eventos marcantes como Uma Noite no Hawaí, Broto do Ano, Festa das Debutantes, sem falar dos famosos bailes micaretescos, inesquecíveis festas juninas e o tradicional Reveillon.
Sempre disputado e sem prejuízos para o quadro social, nos seus salões aconteceram bailes de formatura, concursos de beleza, convenções comerciais, encontros políticos, palestras e assembléias de entidades diversas.
Graças ao Tênis, nos seus salões para boates e no ginásio de esportes para desfile de atrações, a Feira de Santana conheceu grandes astros e conjuntos da MPB desde o rei Roberto Carlos e a rainha Rita Lee. Desde o Paralamas do Sucesso ao Cassino de Servilla
Lembrar o “aristocrático”, como se dizia naquele tempo de glória, é lembrar seus salões forrados com confetes e serpentinas tomados pelos sócios exibindo a mortalha azul e branca do “Bloco FTC”, e cantando ao som da bandinha do Maestro Miro:
Este ano vou brincar a micareta,
No Feira Tênis Clube
É o clube mais querido da cidade...
Em cores e amizade...
(Por Adilson Simas)