Espetáculo evidencia a superação e quebra de paradigmas proporcionados a partir da dança

5/6/2018, 15:36h |

O espetáculo final das oficinas de dança do ventre e dança tribal, deste semestre, oferecidas pelo Programa Arte de Viver, foi realizado na noite desta segunda-feira, 4, no Teatro Ângela Oliveira, do Centro de Cultura Maestro Miro.

As oficinas, que tiveram como professora Bia Vasconcelos, foram realizadas no Maestro Miro e no CEU (Centro de Esporte e Arte Unificado) da Cidade Nova, e tiveram as participações de mais de cem pessoas.

Mais de uma centena de pessoas assistiram ao espetáculo, que teve três coreografias, muito aplaudidas pelo público, pela beleza, sincronismo e o figurino.

“Os nossos alunos deram o melhor deles. Por isso, faço uma avaliação positiva de todo o processo, desde as aulas até o espetáculo final”, afirmou a professora.

Ela destacou que as oficinas estão abertas a pessoas de todas as idades. “E o que a gente viu no Teatro Ângela Oliveira é que todos nos temos capacidade para dançar. E bem”.

Teatro, dança do ventre e trapézio: Sandra Silva vence seus limites

 

As limitações impostas pela paralisia infantil e a cadeira de rodas não impediram que Sandra Silva (foto) concretizasse alguns dos seus sonhos e desejos. Um deles é praticar dança do ventre. Ela frequenta há um ano e meio a oficina oferecida pelo Programa Arte de Viver, no Maestro Miro. Também faz dança tribal.

A jovem, que foi diagnosticada com a doença nos primeiros meses de vida, diz que a dança lhe ajuda na consciência corporal aplicada em outra atividade que participa: o teatro. “Me da a leveza necessária para a arte de representar”. O teatro surgiu na vida dela há alguns anos. Participa da oficina oferecida no CEU da Cidade Nova.

Os seus movimentos na dança, por motivos óbvios, se limitam aos braços, tronco e cabeça, que os faz com alegria e energia. “O fato de não poder andar ou mexer com os quadris não interfere na beleza da dança do ventre”, analisa. “Tudo é muito espontâneo”. Mesmo leves, os seus movimentos fazem soar o cinturão preso ao seu quadril.

Sandra Silva é apaixonada pela arte circense. E desde 2014 participa de um Ponto de Cultura do Centro de Cultura Amélio Amorim: é trapezista na trupe. “Sinceramente, me encontrei nas artes. E todas as formas delas. “E no trapézio também me realizo, onde desenvolvo atividades e observo as minhas possibilidades”.

Diz que uma arte a levou a praticar outra. E não pretende parar por aí. “Arte é vida. Tudo para mim”. Não sente que a sua condição limite os seus desejos. “Sandra nos mostra que quando a gente quer, consegue, mesmo enfrentando e vencendo as dificuldades”, diz Marina Coelho, que a assistiu.

Jovem quebra o padrão vigente e participa de oficina de dança do ventre

Homens praticando dança do ventre não é comum, reconhece Jean Gonçalves (foto). “Mas tive vontade, me matriculei e hoje concluí o primeiro semestre de muitos que pretendo participar”. E ele não está só. “Outros três homens também participaram destas oficinas”.

Jean Gonçalves enfrentou venceu o preconceito para se tornar um dos alunos desta tradicional dança surgida em países do oriente médio. Os outros não participaram das atividades da noite do encerramento da oficina.

Afirma que a sua iniciativa e dos seus colegas representa mudança de paradigmas, a quebra do modelo padrão vigente. “Sempre tive vontade de praticar esta dança, que é aberta a todas as pessoas. E as colegas me incentivaram. Dançar não é atividade para homem ou mulher. É uma coisa para os humanos e não para gênero”.

Jean Gonçalves ainda disse que a dança o ajudou a derrotar não apenas o preconceito, mas alguns problemas que enfrentava sozinho. “Além das colegas, sempre tive o apoio da professora Bia Vasconcelos”, acentua. Para ela, querer é poder. “E Jean quis e conseguiu”.

Bia Vasconcelos, que também conduz a oficina de dança tribal – Jean foi um dos alunos, diz que a participação de pessoas do sexo masculino significa abertura da mentalidade para os novos comportamentos. “Homens podem praticar estas danças sem problemas”, afirma Deyse Lúcia Santos Souza, que participou das oficinas.

Além do Maestro Miro, a Fundação de Cultura Egberto Costa oferece diversas oficinas nos CEUs (Centro de Esporte e Artes Unificados) da Cidade Nova, Jardim Acácia e Aviário.