FEIRA EM HISTÓRIA: Jovens feirenses, amantes da astronomia, idealizaram o Observatório Antares na década de 70
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Comerciante, empresário, publicitário, produtor cultural, José Olímpio Mascarenhas tem uma intensa presença nos mais diversos segmentos de Feira de Santana. Na comunicação, por exemplo, foi um dos diretores do “Feira Hoje” quando o tradicional jornal passou a circular diariammente, e na imprensa falada a ele se deve a primeira emissora de Rádio FM, hoje a Princesa FM. Em artigo publicado em 2002, José Olímpio fala da sua luta com César Orrico e outros amantes da astronomia, que culminou com a criação, nos anos 70, do Observatório Antares, o primeiro do Norte e Nordeste do Brasil. Vale a pena a leitura (Adilson Simas).
OBSERVATÓRIO ANTARES
Alberto Oliveira, a pedido nosso e de César Orrico, doara seiscentos metros quadrados de área em loteamento de sua propriedade, no fim da Getúlio Vargas, para que fosse construído o Observatório Antares.
José Olímpio teve intensa presença em vários segmentos
Everaldo Cerqueira, arquiteto e também astrônomo amador, fizera a planta e havíamos adquirido um telescópio em Manaus, um pouco mais potente do que o de César Orrico.
Estávamos na residência de Beto Oliveira e de Áureo Filho, vizinhos, tratamos dos primeiros passos do Antares quando Beto, entusiasmado, mostra o projeto e comunica ao pai, Deputado Áureo Filho, a boa nova:
- “Zé Olímpio, César Orrico e um grupo entusiasta vão construir um observatório astronômico em nossa cidade. Doamos o terreno e o projeto está aqui”.
Mostra ao deputado a planta de Everaldo Cerqueira, Áureo Filho, balança a cabeça, encara Beto, eu e César e, com uma frase seca e gutural nos choca de início:
- “Feira de Santana não merece isso”.
Ficamos sem entender, e Alberto Oliveira, meio sem jeito com a reação do pai deputado, tenta consertar e amenizar a decepção:
- “Que é isso, meu pai, os jovens querem fazer algo por Feira, construir um observatório, despertar o interesse pela astronomia, etc etc e o senhor desanima, que tem de errado”.
O nosso deputado, visionário, idealista, sonhador, mente aberta, olhos de águia, ensaia um discurso:
- “É isso mesmo, Feira de Santana não merece isso, temos que trazer para nossa cidade o que tiver de maior. Na Universidade de Salvador, as aulas de Astrofísica não são ministradas por falta de um observatório na Bahia e está na hora de instalarem um em nossa cidade, um observatório digno desta juventude estudiosa e sadia” e continuava o seu discurso inflamado como se estivesse falando na tribuna da Câmara, defendendo o projeto, com todo entusiasmo e eloquência.
Eu, César e Beto nos entreolhando.
Quando fez uma pausa, virou-se para mim e César:
-“Vou ter uma audiência com o governador Antônio Carlos daqui a pouco, se vocês quiserem vão comigo e prometo que o governador será simpático à ideia”.
César Orrico foi um dos principais entusiastas do Observatório
César Orrico e eu pegamos em casa um paletó e seguimos com o deputado para falar com o governador da Bahia. Nascera naquele momento, o grande Observatório Antares, construído em área mais adequada, doada pela Imobiliária de Milton Falcão de Carvalho, Bubu, e projeto de Raimundo Torres, conhecer dos observatórios mais modernos do mundo naquela época.